Glossário
Arquitetura Natural:
O termo foi cunhado por Bernardes durante a elaboração do projeto piloto pensado para a favela do bairro carioca de Irajá, durante a década de 1960. Atento ao problema habitacional presente nas grandes cidades brasileiras, elabora o conceito de “Arquitetura Natural” como solução para o crescimento das moradias irregulares, sendo uma possiblidade oposta à padronização arquitetônica verticalizada que era apresentada como a principal saída. A Arquitetura Natural valoriza a arquitetura vernacular e a produção coletiva como potência criadora de cada grupo particular.
Bundoril:
Sempre apresentado de forma marota por Bernardes, o termo “Bundoril”, assim como o “peitoril’, define um tipo de beiral desenhado também como banco para sentar. A presença e a experiência do Bundoril é parte importante da experiência da arquitetura de Bernardes que também é uma experiência da contemplação da paisagem.
Canteiro de obras:
“Todas as minhas casas têm a ver com os operários e o meu diálogo com eles” Sergio Bernardes. Para Bernardes o “canteiro de obras” representava s onjunção da técnica com a intensa experimentação dos recursos naturais. Experimentação que faz de suas obras, no sentido processual e experimental do “canteiro de obras, explicava os seus projetos participando do dia a dia da construção, desenvolvendo os desenhos nas paredes, envolvendo sempre com a sua lapizeira, pensar-desenhar
Cidade:
“A cidade é uma ameba não cresce, se espalha. Não vive, sobrevive. Mas a cidade, resultado da necessidade do Homem de agregar-se, para distrair a sua solidão, e de fixar-se, para melhor viver, não pode ser uma célula hipertrofiada e sem razão. A exemplo do Homem que a formou, a cidade tem de ser um organismo, isto é, tem de ser composta de órgãos que funcionem de forma harmoniosa e interdependente. Tem de ter um objetivo definido, qual seja o de assegurar a qualidade de vida dos que a constituíram e a mantém.”
Desenho:
“O desenho é a última coisa que se faz; primeiro é a filosofia do desenho, o porquê do desenho. Nós atravessamos uma fase de muito know-how e pouco know-why.” (Sergio Bernardes. Livro SB pá 203)
Lagocean:
O problema da renovação das águas das lagoas Rodrigo de Freitas, da Tijuca, de Jacarepaguá e de Marapendi, provocando frequente mortandade de peixes e grave estado de poluição hídrica, incentivou o arquiteto a ir ao encontro de criativa solução “- O Lagocean, ligação permanente das lagoas ao oceano.”
LIC: Laboratório de investigações conceituais
“O LIC, Laboratório de Investigações Conceituais nasceu em 1979 como uma entidade sem fins lucrativos que tem como único capital a ideia – a ideia de ser um núcleo de pensamento que intervenha na realidade atual e sugira como o Homem pode se organizar melhor no espaço, harmonizando trabalho, circulação, habitação e lazer, condições elementares de seu bem estar (...) A partir de uma investigação permanente de conceitos – porque os conceitos caducam em velocidade surpreendente – o LIC desenvolve projetos que ofereçam novos horizontes ao Homem e às cidades, através da exploração de todas as potencialidades que a Terra e cada país em particular oferecem”. Sergio Bernardes. Exemplos de estudos e proposta do LIC : Plano Político e Administrativo para o Município do Rio de Janeiro, Anéis de equilíbrio. Publicações : Livro : Cidade Sobrevivência do Poder (1975) e Revista Ecologia (1979, 1º e única edição).
Mórula:
“Mas não basta criar um sistema viário e de serviços na cidade. Há que se caracterizar as comunidades – como uma mórula, ou seja, conjunto de células embrionárias com características comuns – para dominar a ameba.(...) Cada comunidade ou mórula organizará a sua vida e administrará seus serviços de acordo com os desejos de seus habitantes e com o ajustamento de suas atividades ao seu potencial produtivo. Desennvolver-se-ão novas lideranças, criar-se-ão novos modelos de vida menos dependentes de um poder central; dar-se-á oportunidade à criatividade humana e conciliar-se-á o desejo de o Homem ser livre”. Sergio Bernardes
Muro Acústico:
“Isto aqui é uma ilha cercada de ruídos. Uma ilha urbana. Nesta ilha antes se registravam 96 decibéis e eu os desci para 38, fazendo este muro. Este muro é um muro tijucano. Um muro tijucano é um muro úmido de flores, não é um muro incipiente. Essa curva do muro pra fora criará um xaxim com flores em profusão. Nele nascerão coisas que eu não sei. O que vai nascer não sei, pois injetando sementes sob pressão e misturando as sementes de todas as espécies vão nascer coisas lindas. Será um jardim vertical visto e fora ou de dentro”.. Sergio Bernardes
Redário:
Mobiliário para área externa, criado e produzido por Bernardes para a residência William Khoury no Alto da Boa Vista : “E no lado do terreno onde não havia palmeiras, no pátio no entorno da piscina instalada no piso ao nível da rua, Sergio projetou os “redários” que desenhou aludindo às folhas, inspirado pela beleza das palmeiras imperiais; e construídos em ferro, comportavam oito redes, cada um, proporcionando um ambiente de conversas ou de descanso”. Monica Pacielo Vieira
Terrismo:
“O Sistema Homem jamais aceitará orientação do Homem... Somente o Sistema Terra, em de fazendo as correções no seu processo de evolução, pode ser o Sistema Político adequado ao Sistema Homem na sua fantástica velocidade de transformação, independência e participação reprimida até hoje. O Homem aceitou a orientação do seu semelhante e foi explorado por uma minoria, transformando-se em lixo social. transformando-se em lixo social (...) Será dada à percepção do Homem a provocação da produtividade da Terra, seu bem de capital”. Sergio Bernardes
Utopia:
“Ao pretender traçar rigidamente, o comportamento do homem de amanhã, o máximo que se terá conseguido é ficcionar uma sociedade utópica, quando o que se deve possibilitar é que cada homem, hoje ou no futuro, possa eleger dia e noite, no fluxo de sua vida, a sua própria utopia, que por sua vez será tanto mais viável quanto mais aberturas criar, transformando a conclusão de cada projeto humano em início e instigação de um novo projeto.” Sergio Bernardes